Para ler ouvindo Cory Wells - Weakness.
Oi, como vai?
Fazia um tempo considerável que eu não ia ao cinema. Meu último filme, antes de John Wick 4, foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo - que amei muito, e a sessão foi no Espaço Itaú de Cinema da rua Augusta. Saudades cinemas de rua.
Além disso, qual foi a última vez que você marcou com seus amigos de ir ao cinema? Pois é, fazia um tempo considerável de minha parte e poder fazer esse tipo de programa foi muito bacana. Antes, eu também ia ao cinema com meus pais. Nosso último filme juntos foi Minha Mãe É Uma Peça 3 e depois chegou a pandemia e transferimos o cinema à sala de casa com o streaming.
Quando mais novo, eu ia ao cinema em bando. Era divertido participar de pré-estreias, sentir toda aquela energia vibrando em uníssono, em expectativa da narrativa cinematográfica. Não que assistir à John Wick tenha sido dessa forma. No entanto, ir com pessoas que estavam carregando a mesma expectativa que eu, já torna a experiência mais interessante.
Me recordo da época da Blockbuster. Alugava filmes com minhas tias na sexta-feira para assistir durante o final de semana e poder devolver só na segunda. Aqui eu descobri boa parte dos meus favoritos de terror e conheci Senhor dos Anéis.
Quando eu era moleque, eu tinha um Playstation 2 e assistia à programas de TV sobre jogos e seus lançamentos, anotava os mais bacana para não esquecer de comprá-los. Tinha uma coleção de revistas de walktrhoug de jogos que eu nunca teria, mas amava ler todo aquele desenvolvimento de passo a passo.
Um dos jogos que estava no topo da lista era o The Warriors e foi minha primeira aquisição. Em algumas breves jogatinas, meu pai passou pela sala e sinalizou que tinha um filme sobre o jogo, lançado perto da década de 80. E foi aí que eu pirei. Em alguns menus escondidos, havia o trailer do filme e meu pai confirmou. Era ele! Minha cabeça de adolescente explodiu! Isso para mim era além de qualquer narrativa crossmedia.
Entre buscas incessantes, eu consegui acesso ao filme e assisti uma, duas, três, incontáveis vezes! Meu irmão mais novo seguiu o mesmo caminho, tanto no jogo quanto no filme. É como se fosse nosso conhecimento em comum, nosso assunto em uma roda de conversa. Como não bater o olho em qualquer frame do filme e não lembrar deles?!
Pois bem, tudo isso para dizer: John Wick 4 faz uma homenagem excelente ao The Warriors. O cuidado em homenagear e não parecer plágio de Chad Stahelski, diretor, é notável. No começo do terceiro ato, o personagem de Bill Skarsgård coloca um valor absurdo na cabeça de John Wick durante a madrugada. Até aí, nada de novo em uma atmosfera de assassinos profissionais. No entanto, a comunicação sobre o valor da caçada é feita via rádio e o enquadramento é o mesmo contido em The Warriors.
As cores, a textura, a voz, a frase “hello boppers” e a música após anunciar a localização de John Wick é uma sucessão, muito bem colocada, de homenagem à esse clássico de 79.
Eu não esperava, eu não tinha sequer visto o trailer! Isso me atravessou durante a sessão e eu não pude conter toda a sensação de nostalgia, alegria, euforia, em ver um dos filmes mais importantes para mim (mesmo que seja tiro, porrada e bomba) sendo referenciado em uma das franquias mais caras do cinema atualmente.
Fora essa grande caçada ao “super-herói” de Keanu Reeves, há uma cena feita em plano sequência que beira o absurdo. Há fogo, há câmera com visão de cima, como se fosse literalmente do teto, há a sutil diferença de pisos para definir a alternância de ambientes e muita ação bem ensaiada.
Fui pego de surpresa por um dos filmes que eu esperava, nada mais, nada menos, que muita ação. Sim, há bastante ação, porém, o que remexeu aqui dentro, foi como a arte perdura, descansa e nos atravessa.
Mais um ponto sobre o filme, que provavelmente será usado em outras narrativas, é o fator gamificação. Nos jogos atuais é possível encontrar hordas de inimigos, inimigos mais fortes, “mini-chefes” e um trajeto até chegar no chefão final. Bom, John Wick 4 entrega essa receita, mas não faz senso de ridículo porquê funciona justamente nesse modelo e universo que já nos fora apresentado durante os filmes anteriores.
Para quem não sabe, eu sou formado em Comunicação Social, com especialização em Rádio e TV e, como é possível acompanhar por aqui, eu amo a narrativa e a escrita. Com isso, me formei também como Roteirista pela Academia Internacional de Cinema e fui me apaixonando cada vez mais pelo cinema, narrativa e estrutura.
Portanto, o cinema sempre esteve vivo dentro de mim e é uma sensação extraordinária assistir à um filme que não entregaria nada além de frenesi, porém, entrega uma isca no meu mar de referências e vivências, me fazendo enxergar tudo de forma diferente, com mais amor, mais clamor, cuidado e dedicação.
Permita que a arte o atrevesse. Desde o cinema à música, desde o expressionismo ao minimalismo. Desde o romance à poesia. A arte choca com a gente a todo instante e pede espaço para fazer morada em nosso inconsciente.
Por hoje é isto. Boa semana, boa batalha e volte sempre :)
Beijos,
Lucas.
Nos meus fones
Fui dar uma chance no novo disco do Samian e foi uma das escolhas mais sábias que fiz. Stowaway tem um lugarzinho especial em meus favoritos. Dê uma chance à Crystallized para conhecer um tiquinho do trabalho deles.
Rise of the Northstar também chegou com disco novo. Tome cuidado com os fones porque a porradaria é alta. A banda é de crossover e metal, com influência do hardcore e seu espírito é dos becos de Shibuya nos anos 80. Referenciam bastante a cultura japonesa em suas letras e, são franceses. Showdown é o último trabalho deles.
Bom, em uma ida despretensiosa à uma cafeteira, o aleatório me entregou Weakness, de Cory Wells. Pode ir sem medo. Esse é bom demais!
Nas leituras
Finalmente finalizei Os Registros Estelares de uma Notável Odisseia Espacial! Logo menos tem review no meu bookstagram.
Agora, minha gente, eu estou imerso em A Natureza da Mordida, de Carla Madeira. Eu amo, absurdamente, como a narrativa e a poesia da autora se choca em mim. Ao mesmo tempo que é crua, é doce. Há uma grande fonte de sofrimento durante os encontros das personagens, que se complementam, entretanto é poético, sem romantizar.
Gosto bastante como a obra já está conquistando seu lugarzinho de favoritos.