#50: Entre o Pertencer e o Ser
Por muito tempo, tentei encontrar um lugar. Agora, tento encontrar a mim mesmo.
Oi, como você está?
Estive ensaiando a 50ª edição desse espacinho depois de um bom tempo compartilhando e testando novas ideias e estilos de “conteúdo” (entre muitas aspas). Engraçado que, durante esse trajeto, me vi transitando para um local comum: o do confortável. É mais fácil falar sobre música, sobre filmes, sobre literatura e colocar o mínimo de si ali, pequenino diante das análises. Estive fugindo do que acende a brasa no peito para escrever. Fugindo da motivação, do sentar e escrever, de exercitar a paciência diante da criação, edição, lapidação.
Esse espaço nunca foi sobre engajamento ou números. Não enxergo o Substack como mais uma rede social, mas sim como um espaço de trocas e reflexões. Na verdade, analisando as camadas dessa cebola do eu, cheguei a breves conclusões de que sempre quis fazer parte de comunidades. Isso sempre me motivou a participar, a conhecer, a testar, a ir atrás e me fazer presente. No último ano tentei me aproximar dos Trading Card Games, com Pokémon; tentei também me enfiar em projetos de leitura coletiva e clube do livro; nas últimas semanas busquei me inserir na comunidade de Fighting Game, jogando Street Fighter 6. Não consegui me manter em nenhum lugar. E fui cada vez mais me afastando de mim.
Com 30 anos, busquei a mesma sensação de pertencimento que tinha aos 15. Falhei. A vida está corrida — ou será que é apenas o ritmo que escolhi, tentando conciliar tudo ao mesmo tempo: trabalho, estudos, exercícios, alimentação? E ainda assim, me pego pautando minhas escolhas com base em conteúdos que consumo na internet. Minhas escolhas. Mas são mesmo minhas?
Aqui eu acabei despertando. Pelo menos um pouco.
Colocando as coisas em pauta, fui me redescobrindo. Alguns hobbies não fazem mais sentido, principalmente quando ativam a parte do estresse do cérebro, gritando por urgência, por ser bom logo. E é aqui que a escrita se faz presente mais uma vez. Aqui não tem pressa, o papel não grita de volta quando me vejo estagnado no parágrafo. Ele espera, convidativo, com paciência até quando eu me demoro para escolher a melhor música para prosseguir.
Onde quero chegar? Ao invés de fazer parte, eu quero ser parte. Quero compartilhar as besteiras, quero conversar e trocar sobre as novas músicas descobertas. Quero abrir meu peito e deixar o navio sair pela maré. Autêntico.
Na mesma medida que quero ser autêntico, sinto temor. Temor de me expor demais, de expor minhas delicadezas, cicatrizes e dores. Quando o silêncio se faz presente de maneira externa, é quando busco silenciar todos os meus átomos e sinapses. Me silencio diante da harmonia que me cerca, como em uma roda de conversa em um churrasco em família. O riso ecoando, a brincadeira com mangueira e água, e o meu eu, silenciado pelo meu caos que custa em implodir, em questionar, em dissociar.
E, claro, a síndrome do impostor segue me puxando para baixo. Pensei inúmeras vezes antes de liberar essa edição. Mas talvez seja exatamente por isso que preciso da Caixa de Pandora: um espaço para escrita sem medo, sem filtros. Onde a troca seja genuína e o pertencimento, natural. Um local de troca, de senso de comunidade. Bom, depois de marinar essa edição, posso garantir que ainda sinto a necessidade de estar vinculado a algo e que preciso refletir sobre isso antes de dar o próximo passo.
Eu havia aberto a Vórtice Sombrio e notei que não caberia. Ainda tenho bastante preconceito sobre minha escrita e como eu poderia agregar em sua jornada. Pensando melhor, percebi que não preciso agregar algo grandioso — posso apenas dividir meus caminhos. Por isso, talvez — bem talvez — a Caixa de Pandora nasça.
Só quero ser parte de algo. Da vida, da arte. Sem dissociar, sem ecoar o silêncio aqui dentro. Sem deixar de ser autêntico.
Se quiser trocar mais, o chat está aberto e todos os dias eu dou uma passadinha lá com breves reflexões e uma indicação musical. Vamos fazer tudo ser mais orgânico!
Beijos,
Lucas.
Um pouquinho mais…
Bom, para considerar algumas coisas adicionais, compartilho o que ando lendo, assistindo, visitando e conhecendo.
Leituras
Finalmente finalizei O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel e, confesso, não foi uma leitura fácil. Tolkien é prolixo e deixa claro o quanto ama — e conhece — planícies, plantas e florestas. Mas, ainda assim, que baita livro! Sigo na continuação da trilogia com As Duas Torres.
Meu ritmo anda deveras devagar, por isso, estou intercalando com o quadrinho Power Rangers & Tartarugas Ninjas, da editora Pipoca & Nanquim.
Ando querendo completar, também, minha coleção de Demon Slayer, Akira e começar Hokuto no Ken. Vamos ver se tenho sorte nos garimpos.
Na tela
Finalizamos as temporadas disponíveis de The Boys e, cacetada, que baita série! Te dá socos no estômago. Angustiante demais ver como ela reflete a realidade — principalmente no jogo de poder, manipulação midiática e política.
Começamos Geração V, mas ainda não fisgou. Vamos ver até onde vamos.
Nos fones
Impossível deixar de compartilhar esse som do Luther Vandross. Conhecia de maneira rasa, apenas os grandes hits, mas depois que o ilustríssimo Kendrick Lamar soltou a música Luther, que se inicia, e referencia o Vandross, no som If This World Were Mine, fui dar uma investigada no que mais ele tinha ali. Acabei encontrando essa pérola.
Ouçam o som todo, mas, por favor, por favor mesmo, utilizem o repeat dos 05:00 para frente. Ali, minha gente, é onde os céus cantam em coro!
Nas ruas
Tem tanta coisa que conhecemos e revisitamos que daria para fazer uma edição só dessas belezuras. Por ora, vamos falar das mais recentes:
Matcha Minka
Casa especializada em Matcha que fica localizada na região da liberdade. Delicioso demais! Vale a pena, com certeza.
Jota Hamburgers
Não tem como dar errado, né?! Smash burgers com um sabor maneiro, batatinhas no ponto certo e um atendimento super alto astral. Gostamos e voltaríamos! Esse aqui fica no Shopping Cidade São Paulo.
Até breve!
Prometo que volto a aparecer logo por aqui. Eu sinto falta de escrever, compartilhar e estar presente.
Novamente, vou tentar manter a dignidade de 1 publicação por semana. Me cobrem! E prometo que trago mais descobertas, reflexões e indicações por aqui.
Beijos,
Lucas.
Às vezes estamos apenas reproduzindo e não fazendo jus ao nosso ser autêntico. Qto mais temos acesso a vida dos outros, no sentido de consumir conteúdo, acredito que nos afastamos do contato direto com o que funciona ou não para nós. Tudo é uma questão de tempo, fases e especialmente escolhas. Ng da conta de tudo e nem deve pensar que daria para dar. Mas as cobranças sociais são tão intensas e insensatas que nem percebemos que estamos a ser forçados a seguir num fluxo que não condiz a nossa correnteza. Obrigada pela partilha e volte mais!!! Beijinhos
É uma grande descoberta, Lucas!
Também sempre fico com medo da exposição, mas sequer consigo escrever algo que não tenha alguma ressonância em mim. Mas, acredito que a gente precisa escrever sem medo.
Um abraço! E parabéns pela edição!