Olá, como vai?
Julgo-me um romântico esperançoso. Mesmo carregando algumas crises de identidade ao ver o mundo como mundo, a gentileza, o respeito e o amor - ainda - deveriam se manter como pontos primordiais para convívio na sociedade.
Talvez seja por isso que me jogo nas infinitas páginas dos incontáveis livros que já passaram pelos meus olhos e outros que aguardam sua vez na fila. Viver novas e outras histórias fazem parte da beleza da imaginação. Para mim, escrever é um pouco disso também. Um pouco não, mas boa parte. Gosto de me ver ali nas páginas, sentir algumas alfinetadas de desconforto sobre atitudes de tais personagens, deixar a imaginação me levar à lugares que provavelmente nunca fincarei meus pés, fazer um exercício de como seria se a narrativa fosse levada para este caminho, neste ponto do texto?
Claro que isso também se dá aos filmes. A arte em geral é uma coisa surreal que nos atravessa e nos muda. É como entrar em um lago, ficar submerso, e sair reconhecendo as mudanças que ecoam internamente.
Uma coisa é fato: a vida acontece. Enquanto escrevo este texto, um “eu”, que escolheu alguns outros caminhos, vive outra experiência. O poder da escolha, junto ao livre-arbítrio, é automático em nosso viver, mas se enrosca nos “e se”. No entanto, o que podemos fazer quando somos impactados pelas decisões de forma passiva? Aceitar e seguir? Encontrar opções? Gritar para o mundo, colocando o dedo em sua cara, expressando o quanto ele é injusto?
Passei a pensar muito nisso após assistir à Past Lives. Toda sua construção carrega uma beleza dolorosa. Aquele espinho da rosa que roça na palma da mão até sangrar, mas você não larga de tão lindo que é. O romance é cadenciado, traz uma narrativa sensorial, e explora os questionamentos que desmontam e remontam o coração.
You dream in a language I can't understand. It's like there's this whole place inside you I can't go.
Nós carregamos mundos dentro de nós e, muitos deles, são só nossos. É um forte no qual temos uma cabaninha com luzes penduradas entre seus vincos e só nós podemos ir e encontrar. É onde sonhamos e buscamos as sensações de nostalgia; no qual passamos os dedos pela camada fina de poeira que acumulou nos quadros de vidas imaginadas e de memórias criadas e vivenciadas.
I liked you for who you are; and who you are is a person who leaves.
Se Nora, por algum acaso, não tivesse imigrado, como seria sua relação com Hae Sung? Ela é o que é e isso faz dela, ela. Em sua natureza, uma mulher que acreditou em seu sonho e o viveu; que ponderou colocar o desejo do outro sobre o seu, mas compreendeu o que ecoava em si; que precisou reaprender sobre cultura, língua, amor e desejos. Que conseguiu se fortalecer diante de uma necessidade parental e familiar.
O destino vai se encarregar e o slow burn vai acontecer. É como ver o pôr-do-sol. Devagar, ele queima o céu, com seu rastro de luz, para se opor à luz da lua. O frescor se dá após a grande chama calorosa consumir cada um de nós, como um alívio em seguida dessa queimadura prazerosa.
Viver é isso, viver é arte. Viver é sentir, questionar, sonhar e escolher.
Por hoje é isto. Bom fim de semana, boa batalha e volte sempre :)
Beijos,
Lucas.
Notas soltas
Tire um tempinho para ler esse aqui da
. Faça esse favor a você!Sigo matutando algumas ideias de textos e contos para cá. Vi que teve uma ótima receptividade e eu fico muito feliz em poder compartilhar com vocês um tanto do que ecoa em mim.
Nos fones, recomendo uma descoberta incrível: Fox Teeth. Ouça esse disco todinho.
Assistam à Pobres Criaturas! Só digo isso… Vai vai vai!
Mais do que criar mentalmente os "e ses" é poder direcionar e condicionar os caminhos a partir da escrita. O dom de escrever seria uma arte, um desejo, ou será que esconde também uma necessidade de controle, onde utilizamos nosso poder a partir das palavras como forma de aliviar o pesar pelos "e ses" que a vida não jos permite levar além da imaginação, não sei.. devaneei por aqui.. ✨😘
sempre chegando atrasado nos postáis, mas chegando! <3 adorei o texto mano, falta só um pra ficar em dia, vou chegar lá hahaha